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O que é Engenharia de Plataforma?
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- Natália Granato
- @granatowp
História e Evolução da Engenharia de Plataforma
A Engenharia de Plataforma (Platform Engineering) é uma disciplina focada na construção e manutenção de plataformas de desenvolvimento de software que fornecem autoatendimento para times de desenvolvedores, que oferece a infraestrutura necessária para o provisionamento de uma aplicação, por exemplo. Todo o fluxo de desenvolvimento, testes, documentações, deploy, rollback e etc, podem acontecer através de autoatendimento para desenvolvedores. Ela surgiu da necessidade de superar as limitações do desenvolvimento de software tradicional, que muitas vezes era caracterizado por ciclos lentos, equipes isoladas, silos e infraestruturas complexas. O objetivo principal da Platform Engineering é melhorar a experiência do desenvolvedor (DevEx) e otimizar a entrega de software.
Em essência, a Engenharia de Plataforma busca:
Fornecer ferramentas e serviços padronizados: Criar um conjunto de ferramentas, serviços e fluxos de trabalho que os desenvolvedores podem usar facilmente para construir, implantar e gerenciar suas aplicações. Essas ferramentas podem incluir IDEs, CLIs, templates de projetos, versionamento de código, pipelines de CI/CD, ferramentas de orquestração de contêineres, ferramentas de gerenciamento de configuração e sistemas de observabilidade.
Reduzir a complexidade: Abstrair a complexidade da infraestrutura subjacente e das operações, permitindo que os desenvolvedores se concentrem no código e na lógica de negócios. A complexidade crescente da infraestrutura, a era da computação em nuvem com diferentes providers e vendors, adoção de multi-cloud, proliferação de ferramentas e artefatos na era do "Tudo como Código", levou a um aumento da carga cognitiva dos desenvolvedores. A falta de padrões de projeto também se tornou um problema.
Aumentar a produtividade: Acelerar o ciclo de desenvolvimento e deploy, eliminando gargalos e tarefas repetitivas. Isso é alcançado através da automação de tarefas como provisionamento de infraestrutura, implantação de aplicações e gerenciamento de configurações.
Melhorar a governança e segurança: Incorporar práticas de segurança e conformidade nas plataformas desde o início. A Engenharia de Plataforma visa um setup mais seguro e compatível, integrando controles de segurança e políticas de governança.
Promover a colaboração: Facilitar a colaboração entre equipes de desenvolvimento, operações, segurança e produto. A plataforma atua como uma interface para que diferentes equipes trabalhem de forma mais coesa, tenham visibilidade das soluções e encontrem o que é necessário para o desenvolvimento do seu trabalho.
Plataforma como Produto
Uma equipe de Engenharia de Plataforma atua como um "fornecedor interno", oferecendo uma camada de abstração que permite que os desenvolvedores operem de forma mais independente e eficiente. Essa abordagem é impulsionada pela mentalidade de "Plataforma como Produto" (Platform as a Product), onde a plataforma é tratada como um produto com os desenvolvedores internos sendo seus clientes. Isso significa que a equipe de plataforma foca em entender as necessidades de seus usuários (os desenvolvedores de aplicações, principalmente) e entrega valor a eles.
Em vez de cada equipe de desenvolvimento construir e manter sua própria infraestrutura e ferramentas, a Engenharia de Plataforma centraliza essa responsabilidade, garantindo consistência, escalabilidade e otimização em toda a organização.
Comparação com Outros Modelos Tradicionais (Ticket Ops vs Self-service)
Tradicionalmente, os desenvolvedores dependiam de equipes de operações para provisionar infraestrutura e realizar tarefas operacionais. Esse modelo, é muitas vezes chamado de "Ticket Ops", gerava atrasos significativos, gargalos e uma experiência insatisfatória para o desenvolvedor, pois eles ficavam "bloqueados" aguardando a resolução de tickets, a criação de um mero usuário em um servidor poderia demorar muito tempo, atrasando o desenvolvimento. Essa abordagem resultava, além de atrasos, em conhecimento ainda mais fragmentado, podendo se tornar um gargalo, principalmente com soluções não documentadas.
Ao contrário do que se pensa, a Engenharia de Plataforma é uma evolução natural do DevOps e transforma esse cenário ao focar na criação de soluções de autoatendimento. Ela permite que os desenvolvedores realizem tarefas comuns por conta própria, como provisionar recursos, fazer deploy de aplicações e gerenciar configurações, sem depender de equipes de operações. Isso é feito através de:
Interfaces de autoatendimento: APIs, ferramentas de automação e portais web que simplificam o acesso e a interação com a infraestrutura. Um portal de desenvolvedor interno (IDP) é um ambiente centralizado onde desenvolvedores podem criar, descobrir, consumir, explorar, testar APIs e obter suporte.
Golden Paths e Paved Roads: Define e automatiza as abordagens preferenciais e aprovadas para o desenvolvimento e implantação de software. Isso reduz a carga cognitiva, pois os desenvolvedores não precisam aprender todos os detalhes de cada ferramenta e garante conformidade e segurança. A implementação de um sistema de "checagem/scorecard" em um IDP existente, por exemplo, impactou significativamente o engajamento dos desenvolvedores ao fornecer "ações aplicáveis e concretas" para melhorias.
Orquestradores de Plataforma: Ferramentas que agem como um elo central, gerenciando o ciclo de vida da plataforma e orquestrando a infraestrutura e as configurações de aplicação, podendo até substituir categorias de ferramentas como Terraform e Ansible.
Os benefícios da Engenharia de Plataforma
A adoção de Engenharia de Plataforma visa resolver vários desafios comuns no desenvolvimento de software e, consequentemente, oferecer uma série de benefícios tangíveis para as organizações:
Problemas que busca resolver:
Alta carga cognitiva para desenvolvedores: A necessidade dos desenvolvedores de entender e gerenciar complexidades de infraestrutura, Kubernetes, pipelines de CI/CD e segurança. Engenharia de Plataforma reduz essa carga cognitiva ao abstrair a infraestrutura e automatizar tarefas.
Falta de Padronização e Consistência: Diferentes equipes usando ferramentas e processos inconsistentes, levando a erros e ineficiências. A PE promove padronização e consistência em ambientes e fluxos de trabalho.
Ciclos de Desenvolvimento Lentos e Gargalos Operacionais: Processos manuais, dependências de equipes de operações e dificuldades na integração e entrega contínua. O modelo de "Ticket Ops" exemplifica essa lentidão.
Segurança e Conformidade Fragmentadas: Dificuldade em garantir que todas as aplicações e infraestruturas sigam as políticas de segurança e regulamentações.
Alto Custo de Desenvolvimento e Manutenção: Redundância de esforços e tempo gasto em tarefas repetitivas.
Benefícios:
Aumento da produtividade e eficiência do desenvolvedor (DevEx): Ao automatizar tarefas repetitivas e fornecer componentes prontos para uso, a (PE) acelera o desenvolvimento e o deploy, liberando os desenvolvedores para focar na inovação e na escrita de código. Isso melhora a experiência do desenvolvedor ao fornecer um ambiente amigável e de autoatendimento.
Redução do tempo de lançamento no mercado (Time-to-Market): Acelera os ciclos de lançamento de produtos e funcionalidades, permitindo que as empresas respondam rapidamente às demandas do mercado.
Melhoria da segurança e conformidade: Integrando controles de segurança e políticas de governança desde o design da plataforma. Isso reduz riscos e vulnerabilidades e torna mais fácil implementar políticas de segurança uniformes.
Otimização de custos: A automação e padronização de processos levam à redução de despesas operacionais e ao uso mais eficiente dos recursos de TI.
Maior agilidade e escalabilidade: Permite que as organizações se adaptem mais rapidamente às mudanças e expandem suas operações de forma eficiente. A (PE) fornece as ferramentas necessárias para lidar com o crescimento da demanda sem comprometer performance ou segurança.
Atração e retenção de talentos: Um ambiente de trabalho moderno e eficiente, com menos atritos e mais autonomia, é mais atraente para os melhores profissionais de engenharia.
Diferenciação competitiva: Permite o desenvolvimento de soluções únicas e inovadoras, destacando a empresa no mercado.
Em suma, a Engenharia de Plataforma não é apenas uma evolução tecnológica, mas uma mudança cultural que capacita as equipes de desenvolvimento e operações a trabalhar de forma mais inteligente, mais ágil e segura.